sábado, 7 de fevereiro de 2009

Greve - Gioconda Belli



Quero uma greve onde vamos todos.
Uma greve de braços, pernas, de cabelos,
Uma greve nascendo em cada corpo.

Quero uma greve
De operários, de pombas
De chofres, de flores
De técnicos, de crianças
De médicos, de mulheres

Quero uma greve grande,
Que até o amor alcance.
Uma greve onde tudo se detenha,
O relógio das fábricas
O seminário, os colégios
O ônibus, os hospitais
A estrada, os portos.

Uma greve de olhos, de mão e de beijo.
Uma grave onde respirar não seja permitido,
Uma greve onde nasça o silêncioPara ouvir os passos do tirano que se marcha.

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