quinta-feira, 23 de julho de 2009

Minha dor



O que em me incomoda não é nada além dos “valores” (não casualmente assemelhado a linguagem da troca de mercadorias). Se eu pudesse libertar os grilhões já em meu ser incorporado, com toda a minha força, sem ressentimentos, adentrava no mar dos prazeres. Não posso! Sei que seria perseguida. Sei o quanto sou perseguida por ainda debater-me contra a opressão desses malditos valores.

O capital me transformou numa pessoa com medo de sentir o prazer de ser, de somente ser humano. Tô congelada! Esse frio me queima e a dor arde. Adentro o inferno sem entender como abro tais portais.

Nossos corpos estão aprisionados, mas nossas almas vagam. Eis a esperança.

Estou saturada de tanto horror e parca confiança na vida. Quem retirou de mim o ímpeto revolucionário? (me pergunto). Mas nem os ecos da minha própria voz posso ouvir. Ao meu lado só vejo, e na mesma proporção ouço, o desespero dos meus iguais. Sim, são iguais a mim, os que por obra do destino (?) desesperam-se ao sentir a barbárie instaurada. Sentimos a dor de ver o pavor e sofrimentos nos olhos alheios.

As amarras do capital aprisionam nossas mãos e nossos pés, mas os nossos corpos decrépitos ainda pulsam em resistência ao horror. Estamos fracos e nossa dor é alimentada pelo perambular de almas vagantes... Não vislumbramos outro caminhar. Porém não negamos a certeza de que outra alternativa é possível.

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